Pergunto-lhe: «Posso ser sincero?»
«Pensei que estávamos a ser sinceros.»
«Isso tudo, essas tuas teorias, são só fachada.»
Desta vez sorri abertamente. «Fachada? Lá no fundo, sou um romântico, é isso que queres dizer»
«Nem mais.»
«Sabes o que é o romantismo?»
Suspiro. «Nem vou tentar responder. O que é?»
«Querer o impossível. A perfeição, eternamente. Ora eu quero a perfeição. Mas sei que a perfeição é frágil. Que é impossível mantê-la eternamente.»
«Então és um quê? Um mezzo-romântico?»
Solta uma gargalhada. Diz: «Boa.» Mas depois fica sério e parece considerar seriamente a questão. «Não se deixa de ser romântico por saber que o impossível é, por definição, impossível. Ponhamos as coisas da seguinte maneira: não acreditando que seja possível amar para sempre, acredito que é sempre possível amar.»
«Vai-te foder.»
Ri-se.