José António Abreu @ 20:20

Qui, 10/05/12

Pergunto-lhe: «Posso ser sincero?»

«Pensei que estávamos a ser sinceros.»

«Isso tudo, essas tuas teorias, são só fachada.»

Desta vez sorri abertamente. «Fachada? Lá no fundo, sou um romântico, é isso que queres dizer»

«Nem mais

«Sabes o que é o romantismo?»

Suspiro. «Nem vou tentar responder. O que é?»

«Querer o impossível. A perfeição, eternamente. Ora eu quero a perfeição. Mas sei que a perfeição é frágil. Que é impossível mantê-la eternamente.»

«Então és um quê? Um mezzo-romântico?»

Solta uma gargalhada. Diz: «Boa.» Mas depois fica sério e parece considerar seriamente a questão. «Não se deixa de ser romântico por saber que o impossível é, por definição, impossível. Ponhamos as coisas da seguinte maneira:  não acreditando que seja possível amar para sempre, acredito que é sempre possível amar.»

«Vai-te foder.»

Ri-se.